‘Alterações Climáticas’ - Um fenómeno novo?…
O fenómeno das ‘alterações climáticas’ entra-nos todos os dias pelas nossas janelas digitais, os nossos ‘espelhos negros’. Mas, serão as alterações climáticas algo novo no nosso Planeta? Em boa verdade: não.
Dado que a mudança é uma constante e o nosso Planeta um sistema biológico complexo, será seguro afirmar que as alterações climáticas sempre existiram no nosso sistema Terrestre. Bom, a não ser que acredite que o nosso Planeta é uma bolacha achatada, fechada numa redoma criada subitamente há 2.000 anos…
Assim, dada a nossa curiosidade, perguntámos ao Sr. Dr. GPT sobre textos de autores árabes ou medievais que façam referência à seca, à falta de água ou a fenómenos climáticos adversos.
Eis a sua resposta:
“Existem alguns textos e obras de autores árabes e medievais que abordam a questão da seca, da falta de água e fenómenos climáticos adversos, tanto em contextos literários quanto em tratados científicos. Aqui estão alguns exemplos relevantes:
1. Ibn Khaldun (1332-1406) - Muqaddimah
Ibn Khaldun, um dos maiores historiadores e sociólogos do mundo árabe, escreveu na sua obra Muqaddimah sobre as influências climáticas nas sociedades e no desenvolvimento das civilizações. Ele descreveu como a seca e as mudanças climáticas poderiam afetar a economia, a agricultura e até a saúde pública:
"A seca prolongada leva ao declínio da agricultura, que por sua vez enfraquece a base económica de um Estado, resultando em fome e na migração de populações. As condições climáticas adversas são fatores determinantes na ascensão e queda das civilizações."
2. Al-Kindi (801-873) - Risalah fi al-Hilah li-Daf' Madharr al-Amthal al-Hadiya ila al-Hurub (Tratado sobre a Prevenção dos Efeitos Nocivos do Clima)
Al-Kindi, um dos primeiros grandes filósofos e cientistas do mundo islâmico, escreveu extensivamente sobre o clima. Ele dedicou algumas das suas obras à discussão sobre a prevenção dos efeitos nocivos do clima e como a humanidade deveria adaptar-se a condições adversas, como a seca. Ele também explorou a relação entre a gestão da água e a agricultura.
"A seca é um mal que pode ser combatido através da gestão cuidadosa dos recursos hídricos, da plantação em tempos apropriados e da utilização de métodos que preservem a umidade do solo."
3. Al-Ma'arri (973-1057) - Luzumiyat
O poeta e filósofo árabe Abu al-Ala al-Ma'arri, conhecido por sua visão pessimista sobre a vida e o mundo, faz referência à seca e à aridez em sua coleção de poemas chamada Luzumiyat. Ele aborda a questão do sofrimento humano diante de fenómenos naturais adversos como uma metáfora da angústia existencial.
"Seca queima a terra, enquanto nós, como a vegetação morrendo, curvamo-nos perante o destino sem remédio. A chuva que ansiamos parece apenas uma miragem."
4. Al-Idrisi (1100-1165) - Nuzhat al-Mushtaq (O Livro de Roger)
Al-Idrisi foi um geógrafo árabe que escreveu um dos mais importantes tratados geográficos medievais. No seu trabalho, ele faz várias referências a áreas secas e desérticas do mundo, destacando como as populações dessas regiões se adaptavam à falta de água e à severidade climática. Ele também detalha como a gestão da água era crucial para a sobrevivência em várias regiões.
"Os povos das terras desérticas dependem das suas reservas de água subterrânea, cavando poços profundos e construindo canais para trazer a água para as suas colheitas. O clima severo transforma até a mais fértil das terras em desolação, a menos que o homem interfira com habilidade."
5. Ibn Hayyan (987-1075) - Al-Muqtabis
O historiador andalusino Ibn Hayyan, na sua obra Al-Muqtabis, refere-se aos efeitos de secas prolongadas na Península Ibérica durante o período islâmico. Ele descreve a forma como a escassez de água afetou gravemente as colheitas e as populações.
"Durante a grande seca, os campos secaram e os rios minguaram. Os homens olhavam para os céus, pedindo chuva, mas encontravam apenas o calor abrasador e o vazio. A escassez trouxe fome e doenças, e a terra outrora fértil tornou-se estéril."
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Estes textos refletem a preocupação com a escassez de água e as condições climáticas adversas, tanto do ponto de vista prático (como nos tratados científicos) quanto do filosófico e poético. Além disso, mostram que estes fenómenos já eram entendidos como críticos para o bem-estar das sociedades.”
Poderemos então concluir que nem os fenómenos de ‘alterações climáticas’ são algo novo, nem tão menos a preocupação com os recursos hídricos absolutamente fundamentais à resiliência humana. Felizmente muitos são os exemplos milenares ainda existentes que comprovam a forma habilidosa como os Humanos têm manipulado as paisagens e construído os mais elaborados sistemas, para que o precioso recurso líquido chegue aos campos, às casas e às bocas de animais e seres Humanos.